O bebê brincalhão, generoso e que estava começando a entender os primeiros comandos se transforma, de repente, em uma criança que chora por qualquer motivo e faz birras constantemente. Os pais, muitas vezes, se perguntam o que fizeram de errado e tentam contornar a situação. Alguns se sentem culpados. O fato é que isso é literalmente uma fase: o Terrible Two ou Crise dos 2 anos.
Terrible two: quanto dura?
Como cada criança é uma criança, essa fase pode ser um tanto duradoura ou passar rapidamente. Na maioria, ela dura pouco mais de um ano, começando perto dos dois (daí o nome) e se estendendo até aproximadamente os 4.
Como já dito, nesse período pode ser que a criança faça um escândalo na loja de brinquedos porque os pais não compraram um brinquedo, chora no supermercado por uma guloseima, e assim por diante. Paradoxalmente, neste estágio a criança pode ficar também mais carente de atenção, principalmente se um irmãozinho estiver chegando.
Independente das circunstâncias ou do comportamento da criança, neste período ela sente uma enorme necessidade de tomar decisões e fazer escolhas por si mesma. Isso, consequentemente, faz com que os pequenos e pequenas se oponham aos pedidos e ordens dos adultos. Some ainda o fato de que os bebês ainda estão compreendendo suas emoções e que, ao serem contrariados, esperneiam, choram, se irritam e gritam.
Mas, de novo, muita calma nessa hora: É uma fase de muitas mudanças na vida do seu filho, e pode parecer que não, mas passa depressa e, longe de ser só uma fase terrível, ela também traz um enorme desenvolvimento, principalmente na questão da autonomia. É aqui que começam a fazer mais coisas sozinhos, descobrir ou inventar nomes para as coisas que não conhecem, fazer perguntas inteligentes e criativas. Pode dar muito trabalho, a gente sabe, mas também é fascinante!
Como lidar com o Terrible Two?
É muito provável que você tenha rolado a página direto até aqui, e nós não vamos te julgar por isso. Muito pelo contrário: você pode começar a sua leitura por aqui e, depois, voltar ao início sem problemas. Também por isso, não vamos nos alongar muito e ir direto para as dicas:
1. Organize a rotina com as crianças
Geralmente, uma criança fica irritada quando está cansada, com fome ou frustrada. Por isso, esteja atento aos sinais e mantenha uma rotina saudável e organizada de modo a diminuir situações de agitação.
Esteja sempre prevenido, com lanchinhos e frutas na bolsa e planeje o dia para que seu filho não fique muito tempo sem dormir ou comer. Isso com certeza deixará seu bebê muito mais tranquilo! Da mesma forma que o nosso humor se altera em situações de fome, cansaço ou sono, é mais provável ainda que uma pessoa aprendendo a lidar com tudo isso tenha uma reação ainda mais incisiva.
2. Acalme os pequenos e pequenas
Prefira sempre conversar com calma. Lembre-se de que você é o adulto e deve dar o exemplo de maturidade.
Mostre que você entende os sentimentos da criança e, se possível, olhe nos olhos dela, explicando por que aquela ação ou comportamento é inadequado. Além disso, ofereça alternativas e se coloque à disposição para ajudá-la. Essa “distração” pode inclusive ser feita de várias formas, desde cantar com ela, contar uma história ou levá-la para andar um pouco.
Conversar e não “bater de frente” ajuda o bebê a se acalmar e, aos poucos, compreender melhor suas próprias emoções.
3. Seja paciente e respeitoso(a)
Por mais difícil que seja manter a calma, a paciência é a chave para o relacionamento com as crianças, e todo investimento dessa virtude traz um ótimo retorno.
Tenha em mente que os terrible two é apenas uma fase e que muitos bebês passam por ela para construir sua identidade. Como já dito, todo o cansaço gerado tem um propósito, que é o desenvolvimento infantil. Toda a questão de testar os limites dos pais, mães e pessoas responsáveis e buscar autonomia e independência faz parte deste processo.
Quando o bebê fizer uma birra, trate-o com respeito e carinho.
Tente ver a situação através da perspectiva dele e, para isso, é só fazer um exercício muito simples. Se você não soubesse nomear as suas emoções e, além disso, estivesse começando a conhecê-las, também teria muita dificuldade para saber diferenciar raiva de tristeza, nojo de medo e frustração de cansaço.
Para uma criança, isso tudo ainda está muito misturado, como que num caldeirão, e só a passagem por essa fase é capaz de contribuir para o autoconhecimento e diferenciação de cada sensação.
E, se os pais ou responsáveis estão dispostos a ajudar, o caminho fica ainda mais fácil. Sendo assim, gritar, ameaçar e até agredir as crianças não ajudam em nada.
4. Não poupe carinhos, abraços e beijinhos
Uma coisa que pode ajudar tanto na prevenção quanto na resolução dos casos de birra é abraçar, pegar no colo e confortar seu pequeno.
Relembre que você está ali para ajudá-la, mostre que não há motivo para aquele comportamento e que você a ama. Pouco a pouco, ela deverá se tranquilizar.
Mas, se você tentar trazer a criança para os seus braços e ela continuar agitada, espere um pouco. Permita a ela ficar mais afastada e não force nenhuma situação.
Conclusão
Os terrible two não devem ser vistos como uma fase sem solução. Na verdade, a própria solução para esta fase está em agir justamente no sentido contrário: ao mostrar que você entende o momento que a criança está vivendo, ela sabe que pode contar com você, e que tem um verdadeiro aliado para aprender a lidar com seus próprios sentimentos.
Portanto, esteja presente e mostre que, com você, ela não precisa de comportamentos extremos e, se eles vierem, irão embora pela força do amor.