Colégio Básico de Campinas

Você já ouviu falar em FOMO?

Isso, como era de se esperar, acabou atingindo tantas pessoas que, há mais ou menos  sete anos, foi criado  o termo FOMO, do inglês “Fear of missing out”, nomeando assim o medo constante de estarmos perdendo algo.

Quem nunca ficou confuso diante de tantas opções de uma prateleira de supermercado? Seja qual for seu orçamento, você pode levar um produto pensando se realmente fez a escolha certa ou se outra opção não teria atendido melhor suas necessidades. A mesma coisa em compras feitas pela internet, no qual as ofertas nos acompanham por diversos sites acessados, praticamente nos “forçando” a fazer a compra de um item que, na maioria das vezes, não utilizaremos, seja pela total falta de utilidade ou mesmo por não termos tempo.

E isso vai ainda mais longe, em decisões onde comprar algo não é o assunto em questão.  Quem já não se pegou escolhendo o que assistir na Netflix e gastando muito mais tempo neste processo do que realmente vendo o conteúdo escolhido? Como diria um ditado: não há nada mais limitador do que o excesso de opções, e isso tem sido cada vez mais sentido por adultos, jovens e, principalmente, por crianças, que muitas vezes passam mais tempo do que deviam com um dispositivo tecnológico nas mãos.

Tudo isto que falamos é FOMO. O medo de estar perdendo algo melhor, que muitas vezes faz com que percamos o que realmente é bom e interessante para nossas vidas.

UMA REALIDADE CADA VEZ MAIS PRESENTE

Muitas de nossas crianças já nasceram vivendo em um ambiente com exageros. Excesso de brinquedos, de rapidez nos processos, de atividades, de informações, de rotinas agitadas e hiper estimulantes. Isso parece, mas infelizmente não é sinônimo de conhecimento, apenas de informações sendo processadas incessantemente. Isso, infelizmente, acaba por não ter valor nenhum e, pior, frustrar a mente dos pequenos. Para que tenha utilidade, o que é apreendido pelos sentidos precisa ser contextualizado e compreendido.

A FOMO, como não poderia deixar de ser, faz parte também da esfera das redes sociais e da Internet: queremos saber o que as pessoas estão postando, curtindo, quais as últimas notícias, checando incessantemente nossos celulares, tablets e computadores, como se tivéssemos a real necessidade de sermos os primeiros a saber o que acontece, mesmo que não possamos fazer nada a respeito. 

É importante ressaltar que estamos nos referindo aos excessos, às horas passadas nas redes sociais, sites e blogs de nosso interesse sem finalidade ou propósito específicos. Não podemos nos esquecer de que, dentro da realidade que estamos vivenciando, esta tem sido a forma de muitos de nós trabalharmos, estudarmos e até nos comunicarmos, e justamente por isso precisamos estar atentos a estas questões.

Ao perceber isto acontecendo conosco ou com nossos filhos nos tempos livres, é necessário um esforço para aplacar a sensação que a FOMO traz. Respire profundamente, questione se o que está fazendo é necessário, mude de atividade, saia, caminhe ou mesmo desligue por um tempo seu celular ou computador. Estabeleça limites e tenha a intenção de controlar suas atividades, levando sempre em consideração o melhor para você.

Se você observar isto acontecendo com seu filho, primeiro converse com ele. Tente compreender o que realmente acontece e se a necessidade é real, coloque-se à disposição principalmente para ouvi-lo.

Você pode se basear nestes tópicos para identificar sinais de  FOMO:

1 – Uso e busca constante de novas redes sociais;
2 – Querer saber tudo o que os amigos estão postando nas redes;
3 – Ficar no celular durante as refeições, reuniões em família ou durante atividades que requeiram atenção e concentração (lição de casa, assistir a um filme, leituras);
4 – Não viver o momento e se preocupar mais em tirar fotos e postá-las em redes sociais;
5 – Checar o celular a todo momento por notificações;
6 – Aumento da irritabilidade e do desejo em ficar sozinho.

FOMO X JOMO

Como vivemos numa era de extremos, é natural que haja um movimento contrário na tentativa de “equilibrar as forças”.

No caso da FOMO, temos como antagonista a JOMO, em inglês, “Joy of missing out”, ou a alegria de ficar de fora: se desconectar, passar mais momentos em contato com a natureza, conversar, testar uma nova receita, pedir ajuda das crianças para preparar um bolo, cantar, dançar, brincar com jogos de tabuleiro, ou seja, realizar atividades em que você possa ficar mais em contato com si mesmo ou favorecer o convívio saudável com seus familiares. 

Você já ouviu falar em Mindfulness? Em nosso próximo artigo do blog, abordaremos o tema com sugestões práticas para serem realizadas em família e atividades para todas as faixas etárias.

É hora de arregaçar as mangas e praticar muito a JOMO!

E por que estamos falando deste tema?

Precisamos cuidar dos seres humanos em todas as suas esferas. Sendo assim, queremos ajudar os pais a entenderem a questão e se isso está ocorrendo em suas casas.  Sempre buscamos ser os maiores exemplos para os filhos, já que é através deles que se forma a base para um desenvolvimento saudável. Portanto, se este é um tema que tem chamado tanto a atenção de especialistas no mundo todo, por que não pararmos e refletirmos sobre?

Sabemos que, com conhecimento e a mente preparada para lidarmos com essa questão, teremos mais estratégias e recursos para quando surgirem. 

E não se preocupe, o momento com o qual vale a pena usar o pensamento é o agora, pois é nele que moram nossas ações. Além disso, o passado já foi e o amanhã ainda vai chegar. Com isso em mente, a FOMO será, por exemplo, como uma onda na beira da praia: voltará ao mar na mesma intensidade com que veio.

Boa reflexão!

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